EDIT:
Descobri este link que leva a uma amostra de algumas fotos do livro. Imagens cruas e duras.
Há uma que particularmente me emocionou. Trata-se de um homem que no chão recebe um pedaço de papel de uma mão que dele se aproxima. Como pode este homem ainda preocupar-se com algo mais que a sua actual condição, com o seu sofrimento. Como consegue? Volto a dizer que é uma realidade que nos ultrapassa completamente. Algo de outro mundo, outra galáxia, que nem está tão distante...
O LINK:
Desde já quero dizer que não comprei este livro. É um livro relativamente caro (55£=+/-75€), cujo preço me deu para encomendar outros três e ainda sobrou algum €. Ainda o hei-de ter, mas para já consegui visualizar a maioria das fotos que contém pela internet.Eu não queria para já falar deste tema. Queria antes continuar com o dia 26 qua ainda tem algumas fotos para mostrar, mas como ainda estou meio zonzo pelas imagens que vi hoje deste
livro, não queria deixar de dar já a minha opinião.
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De facto cada vez mais encontro justificações para James Nachtwey ser o meu fotógrafo favorito. Este homem testemunho tudo o que o homem tem de pior, de malvado, degradante, decadente, implacável, frio, ou seja... Não sei. Não tenho palavras para descrever a condição "humana" dos responsáveis pelas situações retratadas neste livro.
Imagens de crianças abandonadas em instituições cujas estruturas apodrecem, enfiadas em camas de ferro ferrugentas. Amontoadas umas em cima das outras a gritar em desespero. Amputadas, cegas, desligadas do mundo. Qual mundo? Bosnia, Chechenia...
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Num flash somos atirados para África, Rwanda e Somalia, e somos confrontados com uma realidade que nunca nenhum de nós irá conhecer. Estas fotos apenas nos permitem vr um bocadinho do que se passa, mas conhecer? Não!
Esta realidade parece irreal. É que nem nos filmes se vê algo assim. Esta gente não tem nada! E quando digo nada, é absolutamente NADA! Nem roupa, nem comida, nem casa, NADA! Arrastam-se à espera que a morte os leve. É que nem carne têm no corpo. Fiquei estupefacto como há corpos naquelas imagens que ainda conseguem ter condições de possuir em si alguma réstia de vida. É que são apenas esqueletos nus com uma cobertura de pele seca que se arrastam de forma impressionante. Mais impressionante ainda é o facto de serem aqueles que ainda têm alguma força, a carregar com os esqueletos dos mortos, deixando-os num local onde serão recolhidos por uma pá de uma escavadora que os empilhará numa vala comum. Vidas que na realidade nunca o chegaram a ser e que acabaram esquecidas e cujos corpos acabaram despedaçados e largados numa amalgama. Muito, muito triste...
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Daqui partimos para um cenário de guerra, talvez no Kosovo. Casas destrúidas, olhares esbugalhados enquanto se aperta o gatilho de uma metrelhadora. Pais a chorarem os seus filhos. E dois individuos a prepararem os corpos numa maca em plena rua para serem enterrados.
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Não consegui identificar todos os sítios, mas chamou-me a atenção que num cemitério onde os túmulos tinham placas com os nomes escritos, que um dos nomes cujo primeiro nome estava escrito de forma incompreensível (numa língua de leste?), tinha como apelido "Fatima".
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Queixamo-nos que a vida está mal, que temos os nossos problemas... Sofremos? Se usamos a palavra sofrimento para caracterizarmos um dos nossos sentimentos, então temos de encontrar uma nova palavra para caracterizar aquilo que aquela gente sente! De facto o homem é uma grande merda!
Pronto, já disse o que tinha a dizer! Mesmo que ninguém leia isto já deitei cá para fora.
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2 comentários:
:) Depois de tudo o que tu escreveste eu só posso dizer que concordo.
Mas e nós? Parece que temos as mãos atadas e não fazemos nada. Se todos os povos se revoltassem contra o seu governo isto poderia ser impedido? Não sei. Só sei que não temos coragem para fazer nada, só nos lamentamos e vemos as imagens e esquecemos, guardamo-las num sotão da nossa memória, algo esquecido. É mais fácil viver assim. No nosso país só se vibra com o futebol, nem com as leis que vão aos nossos bolsos nós temos reacção. Somos uns... eu pessoalmente não tenho nenhuma admiração pelo nosso povo. É um país que vive à sombra do 25 de Abril e acha que aquela revolução foi muito importante. Sem lhe retirar a importância, eu acho que precisávamos de outra.
Gostei do que li, nunca havemos de sentir o que eles sentem, só se houver uma 3ª Guerra Mundial que talvez já esteve mais longe.
é dificil parar com isto porque há sempre máfias, muito dinheiro, muito petróleo, muita droga e muita ... naquelas cabeças, no coração têm uma pedra que nada a parte.
O mundo está podre.
Nós vivemos em sofrimento eles num autêntico inferno, sim aí existe o inferno mas em vez de ser para os pecadores como reza a Biblia é para milhões de inocentes.
O titulo do livro diz tudo e com a tua descrição do que viste que é pior que um filme de terror já não precisamos de o ver.
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